"Hoje acordei e lembrei-me que o amor e o ballet podem ser mais semelhantes do que se pensa.
Quando vemos as bailarinas, como eu, a tua querida Eva, a dançar sobre as pontas e em movimentos muito leves e coordenados quase nos deixamos apaixonar pela delicadeza e suavidade.
É como casais de mãos dadas á beira mar, como ver promessas de eternidade.
Mas o que acontece quando se despem as bailarinas?
Quando tiram as pontas?
Os pés sangram, as pernas tremem, doem todos os ossos.
Como o amor, o coração destrói-se, a alma fica perdida e doem todos os ossos do corpo sem ser preciso haver movimento, porque o amor dói principalmente quando estamos parados e no silêncio da nossa (pouca) consciência.
Nas bailarinas puras, que se movimentam com a candura dos dias brilhantes de Primavera há o fervoroso desejo sexual, latente em cada espargata.
Há sempre dois lados, como em mim, meu amor.
A bailarina que só usava tutu's negros, que tinha a capacidade de fazer mais pilés do que as normais e intensas bailarinas.
Mas negra, sempre desejosa de ti, sempre pouco sã.
Vamos dançar meu amor?
Depois podemos deitar os corpos cansados e os pés em sangue sobre a cama desejosa de nós.
Gostas de me ver vestida de bailarina? Pareço-te mais pessoa do que sou?''
Eva Stein
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